Bolinhas caindo de tempos em tempos, jogadores atentos a cada anúncio e a necessidade de assinalar rapidamente os números presentes na cartela: quem diria que esse seria um dos jogos mais amados pela população? Essa é a atmosfera criada no Espaço Real São Judas, localizado na Zona Sul de São Paulo, sendo este um bingo com mais de 300 frequentadores, que na sua grande maioria são idosos. E este é somente um dos exemplos de que o jogo clássico continua fazendo bastante sucesso no Brasil, mesmo num período de crise sanitária.
Todas as pessoas que participam da jogatina no estabelecimento precisam utilizar máscara além de passar por uma checagem de temperatura na entrada, e outro cuidado que é tomado é a disponibilização de uma grande quantidade de recipientes de álcool em gel espalhados por toda a dependência. Os bingos foram proibidos em território nacional em 2004, porém voltaram a atividade em 2017 após uma pequena alteração na lei, permitindo que entidades beneficentes organizassem a jogatina.
Segundo uma reportagem realizada pelo Portal Uol, locais desse tipo cresceram enormemente em quantidade em 2019, porém, com a crise sanitária em 2020 e a necessidade da instauração do isolamento social, alguns desses estabelecimentos acabaram fechando. Somente na região do centro de São Paulo, havia dois ambientes desses, mas atualmente ambos estão com placas de aluga-se. Mas se você é um amante da prática, não precisa se preocupar tanto, já que os cassinos com bonus sem depósito oferecem o bingo e outros jogos clássicos para os seus usuários, sem a necessidade de sair de casa e nem colocar a mão no bolso para dar início a sua jogatina.
Até o momento, os estabelecimentos que abrigam bingos no Brasil têm se autodenominado de “serviço de entretenimento adulto”, sendo que uma espécie de mestre de cerimônias anuncia os números sorteados. Já os jogadores ficam vidrados para não acabar perdendo alguma informação nas telas espalhadas pelo local, pois as rodadas são bem rápidas, durando somente cinco minutos e com um breve intervalo de 30 segundos para a distribuição de novas cartelas; Porém, apesar do ambiente desses locais não lembrar em nada o glamour dos icônicos cassinos das décadas de 1930 e 1940, a emoção atinge o auge quando alguém grita “bingo” ou “linha”, que logo é acompanhado de um lamengo generalizado de quem acabou sendo derrotado.
Do topo à proibição

No início da década de 1990, os bingos tinham fachadas bem chamativas, sendo que o Brasil chegou a ter um estabelecimento que era referência em toda a América Latina, tendo toda a sua decoração com fortes inspirações no continente africano. Hoje, uma concessionária ocupa o local, e os bingos atuais são bem mais discretos, e quase todos possuem “espaços” em seus nomes. Alguns exemplos são o Espaço Real Itaim e o Espaço Real São Judas.
Voltando ao ano de 1993, a prática foi legalizada no Brasil com a aprovação da Lei Zico. que regulava alguns tipos de jogatina e repassava 7% do faturamento para as federações olímpicas. O ex-jogador de futebol foi Secretário de Esportes no governo do presidente Fernando Collor e teve forte influência na regulamentação. Porém, por conta de algumas inconsistências, dois anos depois foi aberta uma CPI na Câmara. Em 1998, mais uma regulamentação entrou em vigor, a Lei Pelé, onde o “Rei do Futebol”, Edson Arantes do Nascimento, também ocupou o posto de secretário de Esporte, mas dessa vez no governo de Fernando Henrique Cardoso. Mas, logo denúncias de irregularidades se tornaram frequentes e Pelé deixou o posto em 2000.
Com esses problemas, o jogo já não era visto com bons olhos, principalmente depois do vazamento de algumas mensagens entre Waldomiro Diniz, um assessor ligado ao governo do presidente Lula, com o “empresário” Carlinhos Cachoeira, que era bastante vinculado ao jogo do bicho. Outra CPI foi instaurada, pressionando o presidente Lula a assinar uma medida provisória que vetava o funcionamento de qualquer casa de jogos no Brasil em fevereiro de 2004. Hoje, a prática é permitida por conta do Marco Regulatório das Organizações Sociais, que autoriza organizações sem fins lucrativos a fazerem ações para angariar recursos. Ou em plataformas online que possuem sede fora do Brasil.